Rio voltará a ter bolsa de valores – Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro
A cidade do Rio será novamente sede de uma bolsa de valores. O anúncio foi feito pelo prefeito Eduardo Paes e pelo CEO do Americas Trading Group (ATG), Claudio Pracownik, na terça-feira (3/7), na sede da Associação Comercial do Rio de Janeiro. A previsão é que comece a operar no segundo semestre do ano que vem.
O prefeito, durante a cerimônia, sancionou a lei municipal que incentiva a instalação da bolsa de valores na cidade. O evento também contou com a presença do presidente da ACRJ, Josier Vilar, do presidente da Câmara de Vereadores, Carlo Caiado, do secretário municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico, Chicão Bulhões e do secretario estadual de Planejamento e Gestão, Adilson Faria.
– O Rio tem uma parte importante da força econômica do Brasil: a Vale está aqui, a Globo tá aqui, a teledramaturgia da Record está no Rio. Mas onde está o setor produtivo? A gente tem um monte de coisas interessantes acontecendo no setor privado do Rio, mas a gente não consegue levantar essa turma. A volta da bolsa de valores é a ponta do iceberg. É o esforço do governador, prefeito, atores políticos. O setor privado percebeu que tem uma concorrência a ser feita com São Paulo. Começamos a criar um ambiente econômico, um conjunto de atrativos, de novos mercados que surgirão – afirmou o prefeito Eduardo Paes, ao defender a importância do retorno da bolsa à cidade.
Bem-humorado, o prefeito ainda destacou a qualidade de vida para quem trabalha no setor, na comparação entre Rio e São Paulo.
– Esse é um mercado que dá pra ser home office. Não precisa estar físico. Se o sujeito consegue fazer isso jogando beach tennis de manhã, pegando uma bike, subir a Vista Chinesa e depois trabalhar, isto não é trivial na vida das pessoas. As pessoas querem produzir e ganhar dinheiro, mas buscam qualidade de vida. Um lugar que faça bem a elas, O Rio tem potencial fantástico, uma realidade fantástica.
O Projeto de Lei 3276/2024, de iniciativa da Prefeitura do Rio, foi aprovado pela Câmara de Vereadores no dia 25 de junho, com 37 votos a favor e 5 contra. Com a nova regra, cai para 2% o Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) que incide sobre as atividades a serem desempenhadas por uma bolsa de valores, mercadorias e futuros, bem como sobre as atividades exercidas por sociedades que atuam na negociação, liquidação e custódia de ativos financeiros. A aprovação abriu espaço para o anúncio da ATG, transformando a cidade do Rio novamente em num importante centro financeiro do país, após mais de 20 anos do encerramento das atividades da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro (BVRJ).
– A gente recupera esse símbolo, de retomada da economia da cidade do Rio de Janeiro – festejou o secretário Chicão Bulhões. E destacou a importância do mercado financeiro para a economia carioca: – É o quarto maior pagador de ISS da cidade, mais de um bilhão e meio de reais. São quase 70 mil pessoas trabalhando no setor, que com a bolsa, vai ganhar nova dimensão. Atraindo mais investidores para cá.
Claudio Pracownik, CEO do Americas Trading Group (ATG), destaca que a criação de uma segunda Bolsa de Valores no país é sinal de maturidade do mercado de capitais nacional, contribuindo para que o Brasil seja visto de forma mais positiva pelos investidores, principalmente os internacionais. Ele acrescenta que a existência de concorrência traz eficiência, redução de riscos e pavimenta a criação de novos produtos. O executivo também destaca que a sede da nova bolsa brasileira no Rio trará benefícios para toda a região:
– A nova bolsa terá sua sede administrativa localizada no Rio de Janeiro. Isso é muito importante para a cidade e para o Estado. O Rio voltará a ser um grande centro de negócios, atraindo investidores, e isso tem uma relevância enorme. Nós esperamos que este seja o marco inicial do renascimento do mercado financeiro no Rio de Janeiro -, resumiu o CEO do ATG.
O presidente da Câmara de Vereadores, Carlo Caiado, exaltou a união dos poderes no esforço de trazer a bolsa para o Rio de Janeiro:
– Após mais de 20 anos, a cidade vai ganhar uma nova Bolsa de Valores. A lei proposta em parceria pelo executivo e pelo legislativo foi aprovada com ampla maioria. A Câmara fez reunião com os setores financeiros e mostrou a importância da lei para especialistas, empresário. Será uma revitalização do mercado financeiro carioca. A nova Bolsa de Valores vai incentivar investimentos diretos e indiretos, estimular emprego e promover crescimento econômico e inovação tecnológica – contou.
O presidente da ACRJ, Josier Vilar, destaca a retomada da cidade nesse setor.
– Nós precisávamos demais ter essa bolsa de valores no Rio. Ela é simbólica icônica. É óbvio: se tem uma bolsa de valores aqui, a riqueza vem pra cá também. É um negócio muito bom pra o Rio de Janeiro.
Pesquisa da Prefeitura do Rio mostra a força do setor financeiro na cidade
O setor financeiro, no triênio 2021-2023, foi o quarto maior pagador de impostos (ISS) do Rio, com o valor de R$ 1,5 bilhão. Os dados são da Secretaria Municipal de Fazenda e Planejamento (SMFP), compilados pela Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano e Econômico (SMDUE). Esse montante representou 9,1% da arrecadação total. O setor conta com 68,5 mil trabalhadores (3,7% dos trabalhadores cariocas), gerando 2,7 mil novos empregos entre 2021-2023. Além disso, o trabalhador do setor financeiro carioca ganha R$ 9,5 mil por mês, um valor bem superior à média do trabalhador brasileiro (3,8 mil por mês).
O Rio possui mais de 4 mil fundos, o que representa 17,6% do total do Brasil. Em termos de patrimônio gerido, o Rio mostra ser um forte mercado, que reúne R$ 2,2 trilhões sob gestão, o que representa 34% dos valores investidos no país, reunindo 22,6% dos cotistas, com 1,1 milhão de investidores, e 20,4% das assets. Esses dados constam no estudo “Setor Financeiro do Rio”, que sua versão completa está disponível em http://observatorioeconomico.rio.